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Mercado MICE cresce mais que o PIB mundial

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O turismo MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions) representa cerca de 50% do total de viagens em todo o mundo. Segundo um estudo da Precedence Research, em 2023, este mercado quase atingiu a marca de 1 trilhão de dólares e espera-se que alcance 1,75 trilhão de dólares até 2032, com uma taxa de crescimento anual média de 7,20%.

Se em 2022 o turismo de negócios estava a 50% dos níveis anteriores à pandemia, em 2023 houve uma recuperação significativa, prevendo-se que em 2024 os valores retornem aos níveis anteriores a 2019. E isso foi possível mesmo diante de indicadores globalmente desfavoráveis. Apesar do aumento do uso de ferramentas como Zoom ou Teams para reuniões virtuais, os dados demonstram que o turismo de negócios vem crescendo a uma taxa superior à do PIB mundial.

As viagens de negócios internacionais mantêm seu crescimento, e as expectativas de gastos são igualmente positivas: de acordo com pesquisa da Deloitte , os americanos planejam aumentar seus gastos em 30% neste ano, um valor aproximado ao que os europeus pretendem desembolsar em viagens internacionais dentro da Europa e 28% em deslocamentos para fora do continente.

O efeito multiplicador do turismo de negócios 

Para além do volume bruto desse mercado específico, existem outros efeitos multiplicadores relevantes. Estudos do Harvard’s Growth Lab demonstram que existe uma relação entre o aumento de viagens de negócios e o desenvolvimento econômico da região. Caso os empresários alemães deixassem de viajar, estima-se que a Áustria, a África do Sul, Suíça, Nigéria, República Tcheca e Turquia seriam os países mais afetados e o PIB mundial cairia 4,8%. 

Deste modo, entende-se que regimes fronteiriços mais restritivos apresentam um duplo efeito negativo: eles não apenas dificultam a entrada de receitas, como também o acesso ao know-how e às oportunidades de crescimento de países em desenvolvimento. Esse  efeito é mais saliente em setores como indústria, farmacêutico, construção e consultoria.

É importante salientar que o turismo MICE não é apenas turismo de negócios. Este segmento engloba também um significativo consumo derivado, o que levou à criação do termo bleisure, uma fusão de business (negócios) e leisure (lazer). Isso porque o turista MICE gasta, em média, mais que o turista de lazer (€484,00 contra €126,00, segundo artigo da Converve), em grande parte porque suas despesas de viagem são frequentemente custeadas por empresas ou empregadores. Assim, esses viajantes têm mais recursos disponíveis para gastar em refeições e atividades de lazer por conta própria.

Turismo de negócios no mundo

Uma pesquisa da Statista aponta que a zona da Ásia-Pacífico tem a maior participação no  mercado de turismo MICE, com 44% em 2022, avaliado em 412,18 bilhões de dólares. Estima-se um crescimento que deve atingir os 780 bilhões de dólares em 2023. Além disso, desta região vem o maior gastador, a China, com 360 bilhões de dólares em 2023.

Há um conjunto de fatores relevantes que explicam esse sucesso. Além de uma oferta diversificada e atrativa de destinos, muitos governos na região estão empenhados em criar um ambiente favorável aos negócios, investindo em infraestrutura e fomentando o surgimento de multinacionais, num cenário empresarial vibrante. 

A América do Norte é o segundo maior player no mercado MICE, com 30% da  participação global. Apoia-se na dimensão do seu mercado interno, de um grande número de empresas multinacionais, de uma cultura de mobilidade interna e externa, e de cidades que investem pesadamente em infraestruturas, como Las Vegas, que renovou e expandiu seu centro de convenções, o segundo maior do país. Os EUA também lideram em termos do número de eventos planejados mundialmente: 41 mil eventos, quase seis vezes mais que o segundo colocado, o Reino Unido, com 7,6 mil eventos.

A Europa, impulsionada por seu rico patrimônio cultural, infraestruturas  avançadas e excelente acessibilidade, registra um crescimento relevante no mercado de turismo MICE. Sua oferta única e variada, redes de transporte eficientes e a localização estratégica do continente consolidam sua participação de 20% no mercado. Porém, o volume de viagens de europeus para destinos fora da Europa pode levar mais tempo para retornar aos níveis antes de 2019, devido aos entraves relacionados à necessidade de vistos. Isso pode fazer com que, por ora, os europeus prefiram viajar pelo continente e pela zona Schengen, composta por 27 países europeus, onde é possível viajar sem grandes formalidades.

Setor cresce 11,4% em 2023 no Brasil

Atualmente, 60% das reservas de passagens aéreas no Brasil são destinadas  ao turismo MICE, que registrou um crescimento de 30% em faturamento em 2023, em comparação com 2019. Investir nesta modalidade de turismo contribui para atenuar a sazonalidade característica do turismo de sol e praia, pois é menos oscilante ao longo do ano. Além disso, é fundamental para o desenvolvimento urbano e para incentivar serviços especializados relacionados. A criação de infraestrutura adequada para eventos de grande porte exige planejamento urbanístico detalhado, assegurando que os investimentos apresentem retornos significativos. 

Por outro lado, a indústria local está se movimentando para além da hotelaria e do catering, que se caracterizam, muitas vezes, por um emprego intenso de trabalhadores menos qualificados. Os eventos em questão apresentam uma abordagem cada vez mais tecnológica, impulsionando um setor de alto valor agregado que demanda recursos humanos especializados.

O turismo MICE divulga a imagem do país, da sua gastronomia e das opções de turismo local ou de lazer, ao mesmo tempo em que posiciona os destinos como ambientes favoráveis aos negócios e geradores de oportunidades comerciais. Diante dessas expectativas, um número crescente de destinos e empresas está investindo no setor MICE, especialmente na tendência dos incentivos, a qual possui características e diferenciações próprias. De acordo com o Levantamento das Viagens Corporativas (LVC) da FecomercioSP, em parceria com a Associação Latino-Americana de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV), o faturamento das empresas de serviços turísticos para o mercado corporativo em dezembro de 2023 atingiu R$ 7,9 bilhões. Esse valor indica um aumento de 5% em relação a 2022.

Além disso, dezembro de 2023 marcou o ponto mais alto de faturamento  mensal desde o início da série histórica, em 2011. Em 2023, o segmento movimentou um total de R$ 118,7 bilhões, um aumento de 11,4% em comparação ao ano anterior, já considerando o ajuste pela inflação do período. Esse crescimento marca o terceiro ano consecutivo de recuperação desde os impactos da crise pandêmica em 2020, além de representar o terceiro maior faturamento anual desde o início do levantamento. Esses resultados só ficam atrás dos registrados em 2013, com R$ 120,2 bilhões, e em 2014, com R$ 121,6 bilhões. 



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